domingo, 29 de setembro de 2013

SÃO MIGUEL DE TAIPU




Entrada da cidade recebe placa de boas vindas.

A placa que remete à originalidade do município , terra do abacaxi, dará as boas-vindas aos visitantes e turistas que vêm visitar nossa querida São Miguel de Taipu . O marco de entrada do município está localizado na entrada da cidade e foi entregue à comunidade como uma verdadeira obra de arte que reflete um pouco da história do povo Tapuiense.

O prefeito Clodoaldo Beltrão, lembrou que a obra retrata a força do trabalhador , o povo humilde e querido de nossa terra.

Nas imediações da obra ainda foi construído um espaço de convivência para que os visitantes possam estacionar, bater fotos e registrar sua passagem pela cidade. O espaço recebeu tratamento paisagístico e de iluminação.


Um poema para São Miguel de Taipu:


SÃO MIGUEL DE TAIPU

Às margens do Paraíba,
Sob o lindo azul do céu;
Surge a terra mais querida,
Nossa amada São Miguel!

José Lins lhe fez notória
Nos romances que escreveu;
São Miguel a tua história
O Brasil não esqueceu.

Com engenhos espalhados
Por toda sua região,
Logo a cana de açúcar
Deu-lhe fama e projeção!

“Pedra onde jorra água”,
Diz o tupi guarani;
És São Miguel de Taipu,
“Terra do abacaxi”!...

Com seu solo abençoado
E seu povo varonil,
Enaltece nosso Estado
E também todo Brasil!

São Miguel, oh terra amada,
São Miguel, berço de glória;
Deus te faça abençoada
Para sempre na história!

(Antonio Costta)

sábado, 28 de setembro de 2013

COMUNIDADE PILARENSE PROTESTA CONTRA LIXÃO


A comunidade Boa Sorte, no município de Pilar, enviou para a prefeitura local um abaixo-assinado com mais de 400 assinaturas, pedindo a imediata retirada do lixão que está sendo depositado naquela área, causando problemas de saúde, segundo os moradores. Diante do clamor popular, a prefeitura entrou em contato com o Ministério Público para avaliar o problema e encontrar solução adequada, ficando estabelecido que os detritos seriam depositados em outra área, provisoriamente, já que o terreno fica localizado em área de preservação. 

A nova destinação do lixo foi autorizada pelo Ibama e pela Sudema, segundo informou o prefeito em exercício, Eduardo Silva. “Quero tranquilizar os moradores do sítio Figueiras que faz divisa com a área da reserva onde está sendo depositado o lixo, pois a área é afastada e não oferece risco para os moradores”, disse ele, garantindo que o lixão será removido em breve, depois de resolvido de vez o problema da destinação de detritos sólidos, “uma dor de cabeça para todo município”.

O lixo está sendo depositado numa clareira já existente, onde foi aberta uma vala com 50 metros de comprimento por 10 metros de largura e 4 metros de profundidade. “Tudo dentro dos padrões, conforme orienta o Ibama e a Sudema, documentado em Termo de Ajuste de Conduta firmado entre a Prefeitura e o Ministério Público”, disse o prefeito, esclarecendo que a Prefeitura detém cerca de 20 hectares da área total da reserva da fazenda Boa Sorte, cuja dimensão é de 105 hectares de área preservada.

Para o prefeito em exercício, a solução do problema está próxima, envolvendo os municípios da região do vale do Paraíba em um consórcio para construção de usina de compostagem e beneficiamento de todo o lixo produzido em Itabaiana, Ingá, Juripiranga, Gurinhém, Sapé, Mogeiro, Pilar e São Miguel de Taipu. “A prefeita Virgínia Veloso já vem lutando há cinco anos por este projeto em Brasília, e felizmente agora tudo será concretizado”, finalizou Eduardo Silva.

O OUTRO LADO

Lideranças do assentamento Boa Sorte contestam as informações da Prefeitura e fecharam a entrada da reserva, impedindo a entrada dos caminhões com lixo. A ação teve o apoio do deputado Frei Anastácio e de vereadores oposicionistas da cidade. Segundo eles, o lixão naquele local “vai de encontro à legislação ambiental e à própria Lei Orgãnica do Município”. Através de liminar, os assentados conseguiram ontem, 27, obstruir a entrada da reserva para impedir o depósito de detritos de Pilar.


Foto e reportagem: Evanio Teixeira

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

MORREU O EX-PREFEITO DE PILAR GENIVAL RODRIGUES COSTA

Pilar está de luto! 


(População comparece a Câmara Municipal do Pilar para o ultimo adeus ao ex-Gestor Genival Rodrigues Costa. Sepultamento ocorrerá as 16h.)


Morreu na noite de ontem, quarta-feira (25), na cidade de João Pessoa, aos 82 anos, um dos filhos mais populares da terra de José Lins do Rego, o ex-vereador, ex-vice-prefeito e ex-prefeito Genival Rodrigues Costa.

Genival Costa nasceu em Chã de Areia, zona rual de Pilar, terra pela qual declarou seu amor a vida inteira. Mesmo quando foi morar na capital do Estado, nunca deixou de visitar seus amigos e de participar ativamente da vida política de sua terra natal.

Genival foi agricultor, comerciante e político. Como prefeito de Pilar, de 1996 a 2000, as obras que marcaram a sua administração foram a conclusão do Ginásio Poliesportivo, os calçamentos de várias ruas da cidade e a perfuração de poços artesianos com a instalação de água encanada nas residências de quase toda zona rural do município.

Conhecido pela sua alegria de viver, a receptividade calorosa, graças a sua forma carismática de ser, certamente ele deixará muitas saudades para os seus parentes e inúmeros amigos que soube conquistar durante toda sua vida.

Sem dúvida alguma, Pilar perdeu um grande filho. E eu, particularmente,  um grande amigo.

Meus sentimentos a todos os seus familiares e a toda comunidade pilarense que sente com a sua partida.


ADEUS GENIVAL COSTA!

Pilar hoje está de luto,
está menor o seu brilho,
pois perdeu um grande filho,
um cidadão impoluto!

Pilar hoje está de luto,
está sofrendo, sentida,
por causa da despedida
de quem merece um tributo!

Pilar hoje está chorando,
da zona urbana à rural,
pela morte de Genival
que tanto viveu lhe amando!

Na terra deixou saudade,
nos parentes e amigos seus;
mas foi se encontrar com Deus
para sua felicidade!

Adeus meu dileto amigo,
Que Jesus seja contigo
No Reino da Eternidade!


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Políticos de Mogeiro e Juripiranga podem disputar vaga na Assembléia


Na região do Vale do Paraíba os políticos estão de olho nesse importante reduto eleitoral que há anos está órfão de uma representação na Assembléia Legislativa  do Estado. O último representante que a região conseguiu enviar para a Casa de Epitácio Pessoa foi em 1994, quando a então ex-primeira dama de Itabaiana, Eurídice Moreira da Silva, popularmente conhecida como Dona Dida, conseguiu se eleger...

domingo, 15 de setembro de 2013

A ATRIZ E POETISA RISO MARIA DERSU


Riso Maria Dersu, atriz, professora de Teatro e poetisa nasceu em João Pessoa - PB, em 23 de novembro de 1959. Criada no Sítio Chã de Areia - município de Pilar, terra de José Lins do Rêgo, começou ali, com as vindas dos circos, o gosto pelas artes cênicas. Quando eles iam embora, ficava na cabeça todo o imaginário lúdico desse universo. Um passo para os espetáculos criados ali mesmo, com a garotada, varas e lençois, nas noites de lua, no terreiro o candeeiro e as histórias dos Senhores de Engenho, Usineiros, ao som do sino da Igreja Matriz.


Aos 15 anos, retorna à capital para continuar os estudos e naturalmente há o envolvimento com o teatro. Ingressa na UFPB (Universidade Federal da Paraíba) no curso de Educação Artística. Milita no movimento estudantil, ao lado de Chico César, Beto Quirino, entre outros. Participa do Projeto Mambembão nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Participa do Circo Piolin sob a direção de Luiz Carlos Vasconcelos. Teve participação na novela da Globo, "Vereda Tropical", com Lucélia Santos.


Ministrou aulas de Teatro na Febem ( Fundação do Bem Esstar do Menor) ainda na Paraíba. Chega à São Paulo em 1986, trabalha na APETESP (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais de São Paulo), Célia Helena Produções Artísticas, na peça "Pegando fogo lá fora" de Gianfrancesco Guarnieri, com direção de Celso Nunes, como assistente de produção, no Teatro Imprensa com o espetáculo "Lua Nua" com Elizabeth Savala. Participou também, do Projeto Viagens Cênicas, da Secretaria de Cultura do Estado, pelo interior de São Paulo, com o espetáculo "Juvenal Tal E Qual" de Maria da Betânia e Edilson Castanheira.


Trabalha mais tarde com acompanhamento às pessoas especiais, durante 8 anos. Na Escola Pirâmide ministrou aulas de teatro na Educação infantil, durante 3 anos. No Colégio Uirapuru, como professora de Maternal e de Teatro para adolescentes. No ano de 2006 trabalha no Colégio Beatíssima Virgem Maria no Brooklin. (ATÉ 30/06/2010) Ali teatralizou "Passaredo" de Chico Buarque, para a campanha da fraternidade, com o tema Amazônia. Ao mesmo tempo administrou a Pousada Campo Belo, que hora se desliga da mesma para se dedicar à poesia junto com Jorge Dersu, do qual adota o seu nome como parceria. Tem textos publicados na Mirante, Revista Literária Santista.


Texto: Jorge Dersu

Leia algumas poesias de Riso Maria
 no blog: http://risomariadersu.blogspot.com.br/

sábado, 14 de setembro de 2013

SENADOR CÁSSIO CUNHA LIMA PARABENIZA PILAR PELA PASSAGEM DE SEU ANIVERSÁRIO

Em sua página oficial do Facebook o Senador da República Cássio Cunha Lima parabenizou o município de Pilar pela passagem de seu aniversário de 255 anos de emancipação política, nesse 14 de setembro de 2013. Além de publicar uma belíssima imagem personalizada do centro da cidade ele também divulgou um texto do jornalista Laercio Cirne, parabenizando os pilarenses,  que reproduzimos a seguir.

PILAR CIDADE JARDIM


Parabéns a todos os pilarenses, por mais um aniversário comemorado hoje, da trajetória municipal da sua bela cidade, onde predominam fícus configurados, certamente, pelas mãos de um experiente topiário, e que, em busca de simetria, dotou a cidade de belíssimos canteiros que adornam seu jardim principal: a entrada de Pilar. Parabéns renovados pelos seus 255 canteiros históricos.


Ladeada por jardins muito bem cuidados ao fundo, na entrada, encontra-se a Igreja de Pilar. No templo, entronizada e reverenciada pelos fiéis da Região, está a imagem da Nossa Senhora do Pilar, padroeira do município, ofertando bênçãos aos quase 12 mil habitantes da bela e acolhedora cidade, que oferece ao visitante uma rica e verde imagem de seus canteiros adornados e viçosos. Pilar é, portanto, uma cidade jardim, situada no Vale do Paraíba, tradicional região paraibana.

Os municípios de Sobrado, São José dos Ramos, Itabaiana, Juripiranga e São Miguel de Taipu são limítrofes. Apenas Sobrado fica à direita da BR 230, sentido João Pessoa/Campina Grande. A rodovia federal, sem dúvidas, hoje um dos símbolos do Estado que corta ao meio, deu um grande passo para o desenvolvimento de Pilar e Região, juntamente com a adutora de Acauã, construída no Governo Cássio Cunha Lima a um custo de R$ 74 milhões em valores da época, e beneficiando mais de 160 mil habitantes em sete cidades do Vale do Paraíba, inclusive Pilar. 

A própria BR que no inicio do Governo Cássio estava com as obras de duplicação também paralisadas, foi concluída com os esforços do então Governo. A obra da BR 230, apesar de Federal, teve em sua duplicação, significativa contrapartida financeira do Governo do Estado, à época.

A todos, os parabéns mais escolhidos pelo aniversário da cidade que também é histórica e remanescente do Século XIII. Como as demais cidades do Vale do Paraíba, recebeu influência dos colonizadores portugueses que nunca visualizaram que Pilar seria tão bela, tão importante, tão querida e acolhedora. E parabéns igualmente aos topiários dos jardins da cidade, dos mais belos entre as cidades paraibanas.

MANOEL XUDU - UM GÊNIO DO REPENTE


O grande poeta Manoel Xudu Sobrinho, Manoel Xudu, ou, simplesmente, Xudu, nasceu no município de Pilar, no Estado da Paraíba, em 15 de março de 1932 e faleceu em 1985, em Salgado de São Félix, onde residia.

Em uma cantoria o poeta Furiba entregou-lhe esta deixa:“Vê-se o pequeno saguim/ Pulando de pau em pau” Xudu respondeu:

Admiro o pica-pau

Trepado num pé de angico,

Pulando de galho em galho
Tocô, tocô, tico, tico,
Nem sente dor de cabeça,
Nem quebra a ponta do bico.

Manoel Filó, admirável poeta, descrevendo com Xudu a vida dos pássaros, terminou uma sextilha assim:

Pra tão longe a ave voa,
De volta não erra o ninho. 
Xudu, arrematando:

A arte do passarinho
Nos causa admiração:

Prepara o ninho de feno,

No meio bota algodão

Para os filhotes implumes
Não levarem um arranhão.

 Manoel Xudú era um abençoado de Deus. Certo dia, em seu desafios, um colega abordou:

Caro Manoel Xudu
tenho santa inspiração...
Xudu pega na deixa e diz:


Sou igualmente a pião
Saindo de uma ponteira
Que quando bate no chão
Chega levanta a poeira
Com tanta velocidade
Que muda a cor da madeira.

QUEM PERDE MÃE TEM RAZÃO
DE CHORAR O QUE PERDEU.

Manoel se concentrou, mirou com os olhos da mente o céu dai nspiração, e começou:

Minha mãe que me deu papa
Me deu doce, me deu bolo
Mamãe que me deu consolo
Leite fervido e garapa
Minha mãe me deu um tapa
E depois se arrependeu
Beijou aonde bateu
acabou a inchação
Quem perde mãe tem razão
De chorar o que perdeu

De outra vez, Manoel estava cantando e um camarada, meio bêbado, oferecia-lhe cerveja e insistia: "Olha a cerveja, Manoel ! Toma a cerveja!..." Manoel desembuxou e disse:

Deixe de sua imprudência
Deixe eu findar a peleja
Como é que eu posso cantar
Tocar e tomar cerveja
Cachorro é que tem três gostos
Que corre, late e fareja

Certa vez Xudú estava doente em um hospital sem poder receber visita, e uma enfermeira para quebrar aquele clima, trouxe um pires de doce. Aí ele abriu os olhos e disse:

No leito do hospital
Quando doente eu estava
A enfermeira trazia um pires
De doce e me dava
Só era doce no pires
Na minha boca amargava

O médico permitiu a entrada de um amigo muito intimo e cumpadre e poeta também, ao entrar no quarto o poeta soltou uma birncadeira para ver se quebrava o clima da tristeza:

“Essa boca de xudú´
Muito cachaça engoliu”
Xudú Respondeu:

Mais o doutor proibiu
De eu tomar cachaça e brama
E hoje eu bebo somente
Deitado na minha cama
Algumas gotas de lágrima
Que minha esposa derrama
  
No mesmo dia  a mulher dele segurou a sua mão e ele disse:

Quando eu segurei a tua mão
Foi achando que ela estava fria
Ela tava tão quente e tão macia
Igualmente um capucho de algodão
Vou mandar repartir meu coração
Pra fazer-te presente dá metade
Pra gente ficar de igualdade
Tu me dá teu retrato eu dou o meu
O retrato me serve de museu
Pra eu guardar meu tomance de saudade

Deram um mote a Xudu: " A viola é a única companheira do poeta nas horas de amargura." Ele versejou: 

" Se eu morrer num sábado de aleluia
 E for levado ao campo mortuário,
Se alguém visitar o meu calvário,
Jogue água em cima com uma cuia.
Leve junto a viola de imbuia,
deixe em cima da minha sepultura.
Muito embora que fique uma mistura
De arame, de pus, terra e madeira,
A viola é a única companheira 
Do poeta nas horas de amargura 

Fontes: Livro de Zé de Cazuza "POETAS ENCANTADORES" Livro de Zé Marcolino (Vida, versos, violas)  e Cantigas e Cantos


Manoel Xudu Sobrinho


por Ésio Rafael


"O homem que bem pensar
Não tira a vida de um grilo
A mata fica calada
O bosque fica intranqüilo
A lua fica chorosa
Por não poder mais ouvi-lo"

(Manoel Xudu)



Na cantoria de viola existem certos detalhes que personalizam determinados cantadores. Isso vem a ocorrer evidentemente, em outras categorias de artistas. Claro que os cantadores estão sempre preparados para enfrentar várias modalidades típicas da profissão, acrescentando aí, as regras impostas pelos Festivais de Violas que acontecem em alguns Estados da Federação. Mas, alguns se caracterizam tanto pela voz, como pelo toque da viola, ou por gostarem mais de desenvolver temas, como: martelo, sextilhas, sete linhas, mourões, etc.


foto: acervo do blog 

Os chamados, “ouvintes de cantoria”, que também são poetas, apesar de não fabricarem os versos, exercem, e como exercem, uma cumplicidade com os cantadores. Eles sabem das histórias dos poetas, declamam seus versos de pé-de-parede, passam pra frente além de ter um passado histórico de imortalizar os vates mais consagrados. Ainda tem um detalhe fundamental relacionado à categoria dos “ouvintes”: eles inspiram os cantadores no momento em que criam os motes já com uma dosagem forte de um poema. Quando Manoel Filó dá o mote: - Uma gota de pranto molha o riso/ Quando o preso recebe a liberdade. Ou então: - O espinho é o vigia/Da inocência da flor. Eis aí, uma possibilidade real do cantador se inspirar, para produzir “pérolas”.

Manoel Xudu Sobrinho foi um homem simples, generoso, eternamente, cavalheiro, incapaz de um ato ríspido, mesmo nas horas em que sua tranqüilidade corresse o risco de ser ameaçada. Nem por isso deixou de ser um poeta atormentado, de permeio, entre “o mundo e o nada”, o pranto e o riso. Natural da cidade de Pilar, na Paraíba, conterrâneo de José Lins do Rego e de João Lourenço, violeiro em plena atividade profissional.

“A obra de Xudu exige um conhecimento maior desse gênio do repente. Cada estrofe é um monumento de Arte, a expressar uma cascata de emoções que despenca em uma alma profundamente humanística”.

Xudu preenche as exigências da categoria, no que concerne, o cantador, o poeta, e o repentista. O cantador canta em qualquer estilo, atende ao mercado, espreita os acontecimentos diários. O poeta não se explica, graças a Deus! Tudo tende à emoção. É o Arquiteto dos sonhos e da metáfora. O repentista é simplesmente maravilhoso! É a marca registrada do repente. É quem pega o fato no ar, muitas vezes sem saber nem o que vai dizer. Ele pega de bote.

Xudu era tudo isso, dentro de uma simplicidade tamanha, ele abordava os temas mais profundos, com a maior presteza:

A MULHER QUE EU CASEI
ALÉM DE LINDA É BREJEIRA
DAQUELAS QUE VAI À MISSA
NO DOMINGO E TERÇA-FEIRA
DAS QUE FAZ UMA SOMBRINHA
COM UM PÉ DE CARRAPATEIRA.

A arte do improviso alimentava corpo e alma deste poeta, do “Pilar”. Bom tocador de viola, o que é um tanto raro dentre os repentistas. Ele e Severino Ferreira quando se deparavam, o “cancão piava”, no desafio só de viola. Gostava de uma “branquinha”. Meu Deus! Às vezes os próprios colegas o prendiam num quarto, até de motel, contanto que ele estivesse bom para o desafio noturno dos “Festivais”.

Xudu colocava a mulher em uma sextilha, onde ela era cúmplice dele, e ainda era quem dava a “chave”. Mas, isso não bonito?

EU ESTAVA NA PRECISÃO
QUANDO ME CASEI COM NITA
NADA TINHA PRA LHE DAR
DEI-LHE UM VESTIDO CHITA
ELA OLHOU SORRINDO E DISSE
OH! QUE FAZENDA BONITA!

E então? Veremos agora, o Xudu autobiográfico. Revelando uma trajetória de vida no sacrifício, na porrada. Particularmente, nunca tinha visto uma autobiografia, tão sincera, com todas as etapas da vida do poeta. Genial:

DIA 13 DE MARÇO TERÇA-FEIRA
ANO MIL NOVECENTOS TRINTA E DOIS
POUCO TEMPO DEPOIS QUE O SOL SE PÔS
MAMÃE DAVA GEMIDOS NA ESTEIRA
NUMA CASA DE BARRO E DE MADEIRA
MUITO HUMILDE COBERTA DE CAPIM
EU NASCI PRA VIVER SOFRENDO ASSIM
MINHA DOR VEM DOS TEMPOS DE MENINO
VIVO TRISTE POR CAUSA DO DESTINO
E A SAUDADE CORRENDO ATRÁS DE MIM.

Daqui vai um alerta para aqueles que conhecem outras versões de alguns versos que por acaso constem nesta matéria. É que, os próprios ouvintes de cantoria, os cantadores, os livros (e são muitos), têm versões diferentes, no que concerne às mudanças constantes nas linhas ou estrofes, ou até relacionados à autoria de um verso. Eu mesmo, já presenciei contradições de versos dentro da casa do próprio Lourival Batista, cuja autoria era atribuída a ele. Isso é literatura oral. Portanto, o mais importante, é que ao alterarem estrofes dos versos, nunca se fere o princípio básico do que o autor quis passar para os ouvintes. Na sextilha do poeta, João Paraibano: - Eu estava no sertão/ Balançando em minha rede/ Vendo o açude vazio/ Com dois rachões na parede/ E as abelhas no velório/ Da flor que morreu de sede. Pois bem, este açude, coitado! Nessas alturas, já vai com mais 100 rachões na parede...

Manoel Xudu tinha o olho biônico. Seus versos eram recheados de carinho, paixão, desde quando necessários. O mote que ele recebeu, foi o seguinte: Pode ir lá que está gravado/ O nome de Ana Maria:

O NOME DA MINHA AMADA
ESCREVI COM EMOÇÃO
NA PALMA DA MINHA MÃO
NO CABO DA MINHA ENXADA
NO BATENTE DA CALÇADA
E NO FUNDO DA BACIA
NA CASCA DA MELANCIA
MAIS GROSSA DO MEU ROÇADO
“PODE IR LÁ QUE ESTÁ GRAVADO
O NOME DE ANA MARIA.

E agora? Agora vamos terminar esse papo, com Manoel Xudu Kafkiano. Pôxa! E Xudu sabia o que era Surrealismo? Então, para os leitores mais engajados:

A PRISÃO ONDE ESTAVAM OS CONDENADOS
NA ANTIGA CIDADE DE BEZETA
ERA TODA PINTADA À TINTA PRETA
E TRANCADA POR FORTES CADEADOS
GUARNECIDA POR TRINTA E DOIS SOLDADOS
CADA UM COM DOIS METROS DE ALTURA
E ALÉM DE SE LER A AMARGURA
NO SEMBLANTE DAS MUDAS SENTINELAS
QUEM OLHASSE PRAS GRADES DAS JANELAS
TAVA VENDO O RETRATO DAS TORTURAS.




Manoel Xudu

Voei célere aos campos da certeza
E com os fluidos da paz banhei a mente
Pra falar do Senhor Onipotente
Criador da Suprema Natureza
Fez do céu reino vasto, onde a beleza
Edifica seu magno pedestal
Infinita mansão celestial
Onde Deus empunhou saber profundo
Pra sabermos nas curvas deste mundo
Que ele impera no trono divinal.

Diniz Vitorino

Vemos a lua, princesa sideral
Nos deixar encantados e perplexos
Inundando os céus brancos de reflexos
Como um disco dourado de cristal
Face cálida, altiva, lirial
Inspirando canções tenras de amor
Jovem virgem de corpo sedutor
Bem vestida num “robe” embranquecido
De mãos postas num templo colorido
Escutando os sermões do Criador.

Manoel Xudu

Os astros louros do céu encantador
Quando um nasce brilhando, outro se some
E cada astro brilhante tem um nome
Um tamanho, uma forma, brilho e cor
Lacrimosos vertendo resplendor
Como corpos de pérolas enfeitados
Entre tronos de plumas bem sentados
Vigiando as fortunas majestosas
Que Deus guarda nas torres luminosas
Que flutuam nos paramos azulados.

Diniz Vitorino

Olho os mares, os vejo revoltados
Quando o vento fugaz transtorna as brumas
E as ondas raivosas lançam espumas
Construindo castelos encantados
As sereias se ausentam dos pecados
Que nodoam as almas dos humanos
E tiram notas das cordas dos pianos
Que o bom Deus ocultou nos verdes mares
E gorjeiam gravando seus cantares
Na paisagem abismal dos oceanos.

Postado há 12th December 2009 por Maviael Melo



Numa meia construção
Eu fui trabalhar de meia
Com meia lata de areia
Meio metro alto do chão
O dono meio enrolão
E eu também meio tolo
Ele me deu meio tijolo
Com meio metro de linha
E na construção só tinha
Meia pedra e meio tijolo.

* * *

Nessa vida atribulada
O camponês se flagela
Chega em casa meia noite
Tira a tampa da panela
Vê o poema da fome
Escrito no fundo dela.

* * *

Deus querendo, todos comem
Que um dia Ele pregando
Mais de cinco mil pessoas
Que estavam lhe observando
Com cinco pães e dois peixes
Comeram e ficou sobrando.

* * *

Eu admiro muito o padre
Que seu conselho tem luz
Toda sua pregação
Nasce nos braços da cruz
Massa de trigo em mãos dele
Vira corpo de Jesus.

* * *

Uma galinha pequena
Faz coisa que eu me comovo:
Fica na ponta das asas
Para beliscar o ovo,
Quando vê que vem sem força
O bico do pinto novo.

* * *

Quanto é bonito a vaca
Se destacar do rebanho,
Dando de mamar ao filho
Quase do mesmo tamanho,
Lambendo as costas do bicho
Porque não sabe dar banho.

* * *

Sou igualmente a pião
saindo de uma ponteira
que quando bate no chão
chega levanta a poeira
com tanta velocidade
que muda a cor da madeira.

* * *

Voei célere aos campos da certeza
E com os fluidos da paz banhei a mente
Pra falar do Senhor Onipotente
Criador da Suprema Natureza
Fez do céu reino vasto, onde a beleza
Edifica seu magno pedestal
Infinita mansão celestial
Onde Deus empunhou saber profundo
Pra sabermos nas curvas deste mundo
Que Ele impera no trono divinal.

* * *

O homem que bem pensar
Não tira a vida de um grilo
A mata fica calada
O bosque fica intranqüilo
A lua fica chorosa
Por não poder mais ouvi-lo.

* * *

Sou vulcão, pela cratera,
Suas lavas vomitando,
Sou um trovão estrondando
E corisco na atmosfera.
Meu bigode é de pantera,
Meu rosto não é bonito,
Mas tentação do maldito
Não desmantela o que eu faço.
Eu sou martelo de aço
E você pedra de granito.

* * *

Poesia tão linda e soberana
E tão pura, tão branca igual a um véu…
Está na terra, no mar, está no céu
E no pelo que tem a jitirana.
Ela está em quem vive a cortar cana
Quando volta pra casa ao meio dia…
Está num bolo de fava insossa e fria
Que um pobre mastiga com lingüiça.
Está na paz, no amor e na justiça
O mistério da doce poesia.

* * *

O mar se orgulha por ser vigoroso
Forte e gigantesco que nada lhe imita
Se ergue, se abaixa, se move se agita
Parece um dragão feroz e raivoso
É verde, azulado, sereno, espumoso
Se espalha na terra, quer subir pra o ar
Se sacode todo querendo voar
Retumba, ribomba, peneira e balança
Não sangra, não seca, não para e nem cansa
São esses os fenômenos da beira do mar.


O próprio coqueiro se sente orgulhoso
Porque nasce e cresce na beira da praia
No tronco a areia da cor de cambraia
Seu caule enrugado, nervudo e fibroso
Se o vento não sopra é silencioso
Nem sequer a fronde se ver balançar
Porém se o vento com força soprar
A fronde estremece perde toda calma
As folhas se agitam, tremem e batem palma
Pedindo silêncio na beira do mar

Não há tempestades e nem furacões
Chuvadas de pedras num bosque esquisito
Quedas coriscos ou aerólito
Tiros de granadas de obuses canhões
Juntando os ribombos de muitos trovões
Que tem pipocado na massa do ar
Cascata rugindo serra a desabar
Nuvens mareantes, tremores de terra
Estrondo de bombas, rumores de guerra
Que imite a zoada das águas do mar.



HINO OFICIAL DE PILAR - cantado por Jordânia Borges

HINO OFICIAL DE PILAR- cantado por José Cosmo de Souza

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