sábado, 31 de agosto de 2013

INVERSÃO DAS COISAS - CRÔNICA DE DAMIÃO RAMOS CAVALCANTI


Inversão das Coisas
 
           O programa governamental para a mão de obra médica no interior brasileiro se tornou político e ideológico, pois havendo vários países participantes, somente Cuba é citada...  Tal Projeto pretende distribuir  médicos estrangeiros pelo interior do país, para onde não se consegue médico brasileiro. Os que se opõem a esse Programa afirmam que “isso é improvisação”; que a mão de obra deve ser brasileira; e que haverá problema idiomático: atendentes não entendendo a dor dos atendidos ou atendidos não compreendendo o remédio receitado. Espera-se que, ao falarem línguas, filhas legítimas do latim, como a portuguesa e a espanhola, quem tem curso superior aprenda rapidamente que o “ui” daqui corresponde ao “ai” de lá e que o “ui” de lá significa o “ai” daqui...

          Tal discussão também aflora a má fama da educação brasileira ou o descrédito dos diplomados, enquanto esses são submetidos  a exames e provas para demonstrarem se aprenderam como certifica a escola. Lembro-me que, depois de estudar bem as primeiras séries do então primário, fui obrigado a fazer o “exame de admissão” para poder iniciar o ginásio. Hoje, isso se repete aos concluintes do ensino médio  com o vestibular. Esse descrédito se oficializou; a própria escola que outorga certificado do 2º grau ao seu ex-aluno, reconhecendo que ensinou pouco, oferece um “cursinho preparatório” para capacitá-lo ao 3º grau. Concluído o Curso de Direito, o “bacharel” é reexaminado pelo “Exame da Ordem”...  Tal mentalidade jamais acreditaria no convênio que reconhecesse diplomados egressos das faculdades latino-americanas. Certamente, se esses estrangeiros fossem engenheiros, construiriam pontes e casas que cairiam sobre nossas cabeças; se odontólogos , deixar-nos-iam banguelos; ou  se advogados, perderiam  nossos direitos; assim  havendo, em qualquer profissão, essa indesejável  eventualidade...

          Também se diz que “não falta médico, mas condições para ele trabalhar”. Verifica-se o inverso: “falta médico que exija  condições para seu serviço”. Em qualquer interior, melhor um médico do que nenhum ou apenas uma sala hospitalar...  Por fim, respondem à cobrança do estímulo financeiro para se morar no interior: “Por lá também se ganha dinheiro”, essa é a mais grave inversão. O médico trabalha no interior para curar e não “para ganhar dinheiro”; o professor, para ensinar; e o engenheiro ou o arquiteto, para construir. O salário não é a finalidade da profissão, a profissão é um serviço e o salário, merecida consequência. Essa inversão motiva corrução e quem procure ganhar sem trabalhar... 
 
Damião Ramos Cavalcanti

1 comentários:

Anônimo disse...


Não tem sentido obstacular o atendimento médico as pessoas que estão no interior do estado sem nenhuma assitência. Todos esses argumentos tolos vem justificar o pensamento dos nossos médicos que valorizam apenas o ter. O que vemos hoje, como vc diz é uma inversão de valores , querem trabalhar pouco e ganhar muito.

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